(in)confidências.
sexta-feira
quinta-feira
quarta-feira
2-i-lite-z1
em frente a "A Casa de Celestina" pareceu-me escutar, bem próximo: "Se eu fosse um dia o teu olhar, / E tu as minhas mãos também, / Se eu fosse um dia o respirar / E tu perfume de ninguém."
[por esta vez não era o telefone, confirmei]
*
Confissões e (cor)relações #2
(Ou é desta que inscrevo o Galatea na blogaysfera #2)
Confesso que a temática da infidelidade vista à luz das explicações e interpretações masculinas sempre me fascinou. Um dos mais brilhantes e esclarecedores exemplos encontrei-o recentemente num blog de que lamento ter completamente perdido o endereço até porque se tratava de uma escrita com pretensões várias de seriedade e cientificidade o que, se o não tornava memorável, o tornava, pelo menos, hilariantemente digno de dó. Sinteticamente o seu autor dizia: o homem é infiel para manter o casamento, é uma questão de arejar, enquanto a mulher é infiel para deixar o casamento, é uma questão de mudar. Antes de mais convém saber que as generalizações são muito arriscadas sobretudo quando o único exemplo de que se dispõe é o próprio como era, claramente, o caso do senhor. Em todo o caso, quis muito ter podido dar-lhe uma amigável palmadita nas costas e deixar-lhe esta frase solidária: "meu amigo, não desespere! um dia há-de conhecer uma mulher".
segunda-feira
Confissões e (cor)relações #1
(Ou é desta que inscrevo o Galatea na blogaysfera #1)
Confesso que me tem intrigado a expressão: "o pênis flácido de Hemingway esmagou Clarice Lispector ao lhe cair na literária e pomposa cabeça" ("Good Lord, escrita feminina", in Alexandre Soares Silva, 5 Dezº 2004). Não tanto por causa de Clarice (que não sendo grande escritora também não terá nunca enfrentado o problema da flacidez do pénis) mas porque não consigo encontrar qualquer correlação positiva entre flacidez peniana e qualidade de prosa. Mas se há, oh meu caro Alexandre, pouco mais me restará que dar-lhe os parabéns por escrever tão bem! E tem tanta razão quando fala de uma certa escrita feminina cheia de tadinhices pegajosas e de dilúvios de lágrimas fáceis ao som da MPB. Mas (é este o problema das adversativas) quando essa onda de escrita é desenvolvida por homens (e fica subentendido que os que assim escrevem sofrerão de rigidez peniana, não é?) o que sobra de patético não será susceptível de adequada descrição em outra forma que não extensas e elaboradas teses de doutoramento. É, afinal, tudo uma questão de dimensão. Ou, para ser mais precisa, de tónus.
domingo
O swing.
Quem ousará esquecer Danny Kaye e Vera-Ellen?
"The best things / Happen while you're dancing / Things that you would not do at home / Come naturally on the floor // For dancing / Soon becomes romancing / When you hold a girl in your arms / That you've never held before // Even guys with two left feet / Come out all right if the girl is sweet / If by chance their cheeks should meet / While dancing // Proving that the best things happen when you dance."
Irving Berlin - The Best Things Happen While You're Dancing (1954, banda sonora do filme White Christmas)
sábado
terça-feira
sábado
uma ideia:
"todos nascemos loucos. alguns de nós continuam a sê-lo" - Samuel Beckett, in À espera de Godot
e um rato escondido:
lsb.net.KPNQwest.pt é o retrato do mais fiel, logo a seguir a nato.shape.into e a interbusiness.it, dos leitores deste blog. nunca em simultâneo com os outros, diga-se, mas tal como eles acedendo sempre através da mesma string de pesquisa. não estou certa do valor a atribuir a esta constância mas estou-o da fidelidade, o que quer que isso seja
sexta-feira
quarta-feira
segunda-feira
quem? eu???
 
Que prostituta cinematográfica é você?
 
Que prostituta cinematográfica é você?
a ver se nos entendemos, sim? "você" é estrebaria, ora essa... ah, o resto? pois...
domingo
um gato de pêlo negro e de olhos verdes
Black cat, black cat, smiles and lies, / hiding behind your black cat eyes. / Sneaking glances and proud prances, / ears erect, you are foolishly wise. / Black cat, black cat, tail a twitch, / you snap it like a long black switch. / Indifferent poses and upturned noses, / nails kneading, you are a witch. / Black cat, black cat, treacherous grin, / Jumping, prowling, you go for a spin. / Tensely tiffed and mildly miffed, / niftly napping, you always win. / Black cat, black cat, calling meow, / I can pet you when you allow. / Pleasantly purring, just barely stirring, / nuzzling nearer, I'll forgive you somehow.
Franz, L. - Enigma
Black cat, black cat, smiles and lies, / hiding behind your black cat eyes. / Sneaking glances and proud prances, / ears erect, you are foolishly wise. / Black cat, black cat, tail a twitch, / you snap it like a long black switch. / Indifferent poses and upturned noses, / nails kneading, you are a witch. / Black cat, black cat, treacherous grin, / Jumping, prowling, you go for a spin. / Tensely tiffed and mildly miffed, / niftly napping, you always win. / Black cat, black cat, calling meow, / I can pet you when you allow. / Pleasantly purring, just barely stirring, / nuzzling nearer, I'll forgive you somehow.
Franz, L. - Enigma
sábado
sexta-feira
"funções e assim"
é verdade que gosto mais de mulheres do que de homens, é um facto incontestável confirmado por "El amante lesbiano", do economista espanhol José Luis Sampedro, ser um dos meus livros de estimação, que recomendo vivamente a todos os homens que conheço. e com isto não digo que desdenhe um colo de homem, bem pelo contrário! em abstracto, e desejavelmente ainda mais em concreto, um colo de homem só vale a pena se fôr multifuncional como os canivetes suíços (aqui devia mesmo ter escrito sofás e só o não faço porque 'alguém' poderia pensar que este blog é "uma linha especial de valor acrescentado" quando, com efeito, não tem valor nenhum). nada de especial, como se pode constatar, está implícito nesta definição que só demonstra quão pouco exigente sou! mas (e palavrinha que este "mas" não é por me ter lembrado daquelas intermináveis noitadas de votações lá na faculdade, em pleno PREC, quando os meninos e as meninas da UEC repetiam até à exaustão "sim, mas"), tal como nos canivetes, às vezes não há necessidade, nem sequer capacidade, de lhes utilizar tantas funções em simultâneo e, bem vistas as coisas, até pode atrapalhar um bocado ter de lidar com as peçazinhas todas no caso dos mais complicados; é apenas por esse motivo que, e com base no mais elementar bom senso, pode dar muito mais jeito ter à mão (em todos os casos em que se reconheça a necessidade de uso frequente) um dos mais básicos e aligeirados, só com duas ou três funções
[homem-objecto??? ai que injúria!!! como se pudesse uma coisa dessas passar-me pela ideia]
quarta-feira
terça-feira
domingo
Pela madrugada.
Rivette poderia ter feito melhor da "Histoire de Marie et Julien", para tanto bastaria ter eliminado as cenas dos últimos cinco minutos, as mesmas que me levaram a concluir com inevitável ironia: "e Marie ressuscitou à 3ª lágrima". Pela noite fora, no rádio do carro, a Antena 1 trazia uma curiosidade correlacionável: "Eu não me esqueci / de me esquecer de ti", dos DRSax.
Rivette poderia ter feito melhor da "Histoire de Marie et Julien", para tanto bastaria ter eliminado as cenas dos últimos cinco minutos, as mesmas que me levaram a concluir com inevitável ironia: "e Marie ressuscitou à 3ª lágrima". Pela noite fora, no rádio do carro, a Antena 1 trazia uma curiosidade correlacionável: "Eu não me esqueci / de me esquecer de ti", dos DRSax.
sábado
 
*
a matter of 'course'.
(or the adventures of a poor plagiarist in lost paradises)
Time present and time past
Are both perhaps present in time future,
And time future contained in time past.
If all time is eternally present
All time is unredeemable.
What might have been is an abstraction
Remaining a perpetual possibility
Only in a world of speculation.
What might have been and what has been
Point to one end, which is always present.
Footfalls echo in the memory
Down the passage which we did not take
Towards the door we never opened
Into the rose-garden. My words echo
Thus, in your mind. [...]
T.S. Eliot - "Nº 1: Burnt Norton", in Four Quartets
[btw: Confieso que he vivido was written by Pablo Neruda, a Nobel Prize winner in 1971]
sexta-feira
a redacção
mal ensaio o alinhavo de umas linhas e sinto o peso de já não me pedirem para fazer redacções; consolo-me (não, nada disso! é mesmo como vou explicar a seguir) explicando a mim mesma que não tenho idade para essas coisas e que há quem ainda esteja na fase de as fazer para mostrar trabalho de casa e ganhar um chupa-chupa de prémio (ok, ok, é ingenuidade minha, e depois?). hoje li uma redacção de ontem; não estava fora de prazo por isso (não me fez azia mas sono) e era muito bonita, bem escrita; apesar de me não ter dado nenhuma indicação nova sobre o estado de saúde mental de quem a escreveu (é o do costume) ou sobre o equilíbrio fito-sanitário da dita (até porque sou muito dada aos vegetais, já se vê) fiquei a pensar se um dia (quem sabe?!) serei capaz de fazer uma redacção envolvendo a lógica das courgettes na esperança de uma parecença com um conto da Anaïs Nin
[a "abóbora-cinderela" lá se vai arrastando ao ritmo das mitomanias mas anda uns dias - ou será umas noites? - atrasada, coitadita... será da passada ou do passado?]
quinta-feira
'tou nem aí!
pode bem ser por estar a chover mas atacou-me forte a crise de kitsch. no rádio do carro, uma voz feminina - descubro depois que se chama Luka - canta uma vulgaridade e dou comigo a trauteá-la parcialmente como se, assim e sem mais trabalho, respondesse a alguém
de mãos atadas / de pés descalços / com você meu mundo / andava de pernas pro ar! (pormenores, não?) / sempre armada / segui seus passos / até em seus braços / pra você não me abandonar (blarghhh) / já nem lembro seu nome / seu telefone eu fiz questão de apagar! (mera economia de esforço) / acertei os meus erros / mirrei / inventei e virei a página / agora eu tô em outra... (ufah!!!) / boca fechada / sem embaraços / eu te dei todas as chances / de ser um bom rapaz! (ou boa menina, 'tá!) / mas convencida pelo cansaço / nosso amor (tss tss...) foi enterrado e descansa em paz! (salvé...) / tou nem aí / [...] pode ficar com seu "um dia", eu não tô nem aí / [...] / não vem falar dos seus problemas / que eu não vou ouvir! (o botão está em off há muito, compreendes?)
[crise de repetição? nã... genuína falta de paciência para tretas de andropáusicos e de zen's de subúrbio]
 
